sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Tocándar: nove anos

Estamos cá e comemoramos nove anos de vida. Editámos dois CD’s e dois DVD’s. Realizámos 384 espectáculos em todo o país e no estrangeiro. Centenas de jovens e menos jovens tiveram a possibilidade de participar em centenas de oficinas de percussão, dezenas de acções de formação (construção de cabeçudos e gigantones, aprendizagem de flauta de tamborileiro, aprendizagem de gaita de foles, exploração de caretos, etc.), conferências internacionais e intercâmbios com projectos nacionais e estrangeiros. A partir de um projecto de escola, fundámos uma associação reconhecida por diversos parceiros como uma estrutura dinâmica e inovadora. A nossa experiência deu já origem a outros projectos no país (continente e ilhas) e teve forte influência em projectos amigos noutros países. Não param de chegar propostas para participação em eventos de grande qualidade por todo o mundo. Só o ano passado estivemos em dois eventos de grande prestígio no estrangeiro – Expo Zaragoça e Festival da sidra em Nava – Oviedo. Tudo isto é produto do trabalho de gente da nossa terra. Muitos jovens que, apesar das limitações impostas pela vida escolar, entendem merecer a pena, semana após semana, empregarem o seu tempo na recriação das tradições portuguesas. Fomos obrigados a deixar de ser apenas “projecto de escola” para sermos, além de “projecto de escola”, também “associação”. Foi talvez a melhor forma de conseguirmos continuar e progredir. Apesar de diversas “incompreensões”…
Tudo muito bem. Tudo muito bonito. Tudo correndo sempre no combate contra os problemas normais que acontecem na vida das pessoas e das instituições. Sempre procurando transformar as dificuldades em recursos.
O que não consigo compreender é que, nove anos depois e apesar das palmas e das palmadinhas nas costas, as condições de trabalho continuem a ser as mesmas. Entenda-se, as mesmas miseráveis condições de trabalho. A Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte fornece instalações e, apesar do esforço, provavelmente já não é local que comporte a dimensão do projecto. Não haverá na Marinha Grande local onde se possa alojar um projecto com esta envergadura e abrangência? Não será justo levar esta experiência ao conhecimento e ao usufruto das centenas de crianças e jovens da nossa terra? Para cada uma destas questões, tenho resposta e estou pronto a partilha-la.
Ao iniciarmos a construção do nosso décimo ano de existência, queremos comprometer-nos a não deixar morrer o sonho. Vamos trabalhar mais e melhor, abrindo novas frentes de trabalho e dando corpo a novas ideias. E vamos perseguir os nossos objectivos mais imediatos: atrair mais gente, melhorar o espectáculo para gravarmos um novo DVD e conseguir uma sede!
(Editado no semanário "Expressões")