terça-feira, 27 de outubro de 2009

Opinião

Solicitado pelo semanãrio "Região de Leiria" a comentar:
A Bíblia é um “manual de maus costumes”, como diz Saramago?

Saramago terá proferido a afirmação em determinado contexto, que não conheço. Como ateu, respeito com normalidade quem da Bíblia faz o seu referencial de vida, que não é o meu, independentemente de me rever em alguns valores aí defendidos. Não me revejo em todo o sobrenatural da criação do mundo em seis dias, com paragem ao sétimo e sem a descrição das “acções” posteriores, ou se as houve. Mais que a “maus costumes”, a Bíblia (o Corão, etc.) tem servido a “más acções”, situando-se preferencialmente contra a luta emancipadora dos povos (“A história de toda a sociedade é a história da luta de classes”). E quem, constituindo excepção, a tem usado na defesa dos “ventres ao sol”, não raras vezes se vê excomungado por uma qualquer “inquisição” de altas hierarquias “rendidas ao fetichismo do capital explorador”.
in Região de Leiria - 2009.10.23

Legislativas 2009

Aproxima-se a data das eleições para a Assembleia da República. A 27 de Setembro vamos eleger deputados. Não vamos eleger um primeiro ministro. O resultado das eleições condicionará a vida política nos próximos anos e definirá o quadro político que servirá de base à formação do governo.
Mas, sabemos realmente quem são os nossos deputados? O hemiciclo que vemos nas televisões é composto por um grande “centrão” (PS e PSD) e por representações parlamentares de outros partidos mais pequenos. As políticas defendidas ou implementadas pelos partidos do “centrão” (PS e PSD), apresentam-se como alternativa um ao outro, mas não se têm distinguido, no essencial, ao longo de trinta e três anos, persistindo numa política de direita que, também nunca é demais sublinhar, conduziu o País à situação dramática hoje existente.
Apoiar as forças do “centrão” significa contribuir para a eleição de deputados empenhados na defesa das políticas de direita dos seus partidos, alguns dos quais deputados-perfeitos-desconhecidos, que mais parecem estar no hemiciclo apenas para votar. É necessário ao País eleger deputados decididamente apostados numa nova política.
É tempo de rotura e de alternativa. E a alternativa começa em cada um de nós, no exercício do direito de voto. Votar bem significa, na minha opinião, dar o voto àqueles que todos os dias se preocupam verdadeiramente com a qualidade de vida e de trabalho dos cidadãos mais humildes, que constituem a esmagadora maioria do povo português; dar o voto aos que estão do lado dos trabalhadores quando as multinacionais encerram as portas das empresas em Portugal, para as abrirem noutros países, contribuindo para a destruição do aparelho produtivo nacional; dar o voto aos que, juntamente com a maioria da população, lutam contra o encerramento dos Centros de Saúde e contra as políticas de privatização da saúde; dar o voto aos que defendem uma Escola Pública, gratuita e de qualidade para todos, com professores motivados e reconhecidos; dar o voto aos que consequentemente se batem contra o Código do Trabalho e contra a submissão total do poder político ao poder económico; dar o voto aos que se batem contra a subserviência aos ditames do imperialismo, do envolvimento em criminosas guerras de ocupação com centenas de milhares de mortos e da venda a retalho da soberania e da independência nacional; dar o voto a quem conhece, estuda e propõe uma verdadeira alternativa.
Como professor e como cidadão voluntaria e decididamente empenhado na construção de uma sociedade mais justa, só posso dar o meu voto a uma força política que ao longo de décadas tem representado a verdadeira alternativa às políticas de direita seguidas ora por uns, ora por outros. É por isso que, convictamente, vou votar na CDU - Coligação Democrática Unitária.
in semanário "Expressões" M. Grande